Fui desafiada a escrever acerca da minha experiência ao longo dos 21 dias de Oração e Jejum.
Quando este projeto foi apresentado à igreja, o meu coração alegrou-se! Ver toda a igreja a ser desafiada para participar em algo que é tão importante para a edificação de cada crente e consequentemente, de toda a igreja, fez-me sentir borboletas na barriga.
A minha mente sonhadora levou-me logo a imaginar (em vão!) fazer um jejum espetacular que fosse qualquer coisa do “outro mundo”. Mas rapidamente as circunstâncias puxaram-me os pés para a terra. Porquê? Na verdade, se nos propomos a fazer um voto a Deus é bom que o cumpramos! Então que devemos fazer? Buscar direção do próprio Deus acerca do tipo de jejum que lhe vamos consagrar! O que é que Deus espera de nós? O que é que eu preciso buscar d’Ele?
Jejuar nunca teve, nem nunca terá, a função de servir a vaidade humana. Não se trata de uma competição para ver quem é que consegue estar mais tempo sem comer e sem beber, quem come menos, quem mais se priva de coisas agradáveis. Quando Deus expressa a sua perspetiva acerca do jejum, tal como o ofertar, ou praticar atos de misericórdia e até mesmo orar, para Deus o importante não está no sacrifício que somos capazes de contabilizar, mas na atitude de misericórdia com que se põe em prática a nossa obediência à palavra de Deus. E aqui o ponto principal é ser-se discreto – o oposto dos atos infrutíferos da vã glória.
A prática cristã do jejum não tem a ver com passar fome e adelgaçar a silhueta. Tem como propósito primário adelgaçar o nosso ego e fortalecer a nossa dependência e comunhão com Deus! Uma consequência direta dessa nossa aproximação a Deus é vermos a nossa forma de estar e pensar ser formatada à imagem da Sua palavra, e isso vai irremediavelmente resultar de forma natural em positivos atos de amor e misericórdia para com o próximo!
Apesar de não ter posto em prática nenhum formato heróico de jejum, pude manter o formato que já me é habitual, e até motivar outros em outras regiões do país, que desconheciam a existência deste projeto a envolverem-se. “Oração e Jejum” não é um evento. “Oração e Jejum” é um posicionamento, uma forma de estar na vida cristã! Acontece cada vez que nos privamos de algo que nos é prazeroso com o objetivo de dar primazia ao Reino de Deus. Eu tanto vivencio tempos de jejum planeados, como situações imprevistas. E nestes 21 dias isso não foi diferente, a novidade foi mesmo a consciência de que por todo o lugar, filhos de Deus, meus irmãos em Cristo, derramavam o seu coração e cumpriam o voto ao Senhor com um mesmo propósito: juntos pela salvação da nossa nação, a começar pelo nosso círculo de influência!
Sim, gostamos de contabilizar resultados, mas no que diz respeito à prática do jejum, na sua esmagadora maioria, os resultados surgem de um processo contínuo. Para mim, o exemplo bíblico que melhor define esse processo encontra-se em Mateus 17:21. Jesus não está a convidar os discípulos a um retiro de oração e jejum para depois libertar o jovem possuído por demónios. Jesus está a exemplificar que é a prática da oração e do jejum que conferem autoridade espiritual para expulsar demónios sempre que for necessário! E isto exige de nós não um evento bombástico de jejum e oração, mas um estilo de vida de oração e jejum, e os resultados seguirão num processo natural. Já sendo comum, mais uma vez aconteceu comigo por estes dias, ter a perceção clara de que o Espírito de Deus se move apesar da minha fraqueza e fragilidade humana, mas, tal como disse, não é o resultado de um momento, mas o resultado de um processo já com uns anitos. E anseio pelo que está por vir!