Todos temos o sonho de viver num mundo melhor. A ideia do caos e de uma vida sem propósito leva-nos ao desespero, porque efetivamente fomos criados com um fim.
Atul Gawande, médico, professor e escritor, afirma que uma vida sem propósito degrada-se muito mais rapidamente, do que quando são traçados objetivos de vida. Ele questiona porque é que, “o simples fato de se estar abrigado, alimentado, seguro e vivo parece algo vazio e sem sentido para nós.”[1]. Ele dá a resposta, ao afirmar que todos nós buscamos uma causa que vai além de nós mesmos, pois isso dá significado à nossa vida. É algo natural em nós desejar o melhor. Uma dessas causas é a luta pela justiça e pelo um mundo ideal, um mundo unido, em que todos cooperamos para o bem de todos, onde as coisas funcionam e as sociedades se respeitam. Um mundo que não apenas sabe o que fazer para tudo funcionar, mas que efetivamente o faz.
Sabemos que a justiça existe, mas parece que não há como vivê-la de forma completa. Vemo-la como algo inatingível. Então, se sozinho não posso mudar o mundo, mais vale viver a vida à minha maneira. Todos nós, na maioria dos casos, com mais ou menos efetividade, sabemos o que é preciso fazer para encontrar uma solução, mas pelo menos uma vez deixamos de o realizar. Por isso é que a justiça nunca vai ser totalmente cumprida. O ser humano sempre teve problemas com o altruísmo. Não queremos pensar nisso, mas a verdade é que o nosso coração está minado pelo desejo de que o nosso “eu” seja totalmente satisfeito, mesmo que a justiça não seja cumprida na vida do meu próximo. A esse egoísmo natural vamos chamar-lhe de “pecado”. Ele turva o nosso olhar em relação ao outro, alguém igual a nós, mas que não merece o melhor, pelo menos se sairmos prejudicados nessa história.
Sabemos que vivemos num mundo onde os ricos parecem estar cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Pensamos logo que não temos muito para dar, ou que se dermos também acabaremos pobres. Por vezes o nosso tempo basta para ouvir o outro. Se não o fazemos é porque isso nos pode vir a dar trabalho, ou até trazer algumas chatices.
Fomos criados com um propósito: governar o mundo criado por alguém acima de nós, que nos colocou para que frutificássemos e multiplicássemos o que Ele nos deu (Génesis 1:28; OL). Contudo falhámos nisso e não conseguimos levar a bom porto essa obra, mesmo que sonhemos com isso e no nosso coração o desejássemos muito. Esse desejo, nós acreditamos que é Deus quem coloca no nosso coração para O buscarmos. Dessa forma enviou Jesus Cristo como exemplo vivo para a Humanidade do padrão de justiça divino, que trabalha por esse mundo melhor.
Ele amou o doente, usava o seu tempo para dar amor ao outro e confortava aqueles que precisavam. Para que fossemos perdoados da nossa falta de justiça, e de falhar ao objetivo com que fomos criados, Jesus teve de morrer injustamente – porque Ele sim viveu uma vida totalmente perfeita – para que a verdadeira justiça pudesse ser demonstrada e fosse exemplo para o Homem.
Esse desejo que está no nosso coração de lutar por um mundo melhor é executado na perfeição por Jesus. Agora é imitá-Lo. Dessa forma trazemos significado, esperança à nossa vida e, acima de tudo, a garantia de que um dia viveremos para sempre debaixo dessa justiça.
Que o Seu reino de justiça venha e que possamos desejar esse mundo melhor!
[1] Atul Gawande, Being mortal: medicine and what matters in the end, p.112