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O Natal pelo mundo

By Dezembro 11, 2024Reflexão

O Natal de Jesus teve uma influência preponderante nalgumas práticas existentes nas maiores religiões não-cristãs. Porém, essas práticas não refletem o pensamento oficial dessas religiões e nem estão sancionadas pelas suas autoridades religiosas, antes revestem uma certa mistura de crendice popular e fé. Vejamos alguns exemplos.

No Judaísmo, podemos encontrar algumas semelhanças com a festa do Natal de Jesus na Festa das Luzes, também conhecida como Hanukkah: é uma festa caraterizada por grande alegria e celebrada num clima profundamente familiar. De acordo com 1 Macabeus 4:36-59,  essa festa foi iniciada por ordem de Judas Macabeu e visava celebrar a purificação do Templo de Jerusalém, necessária em virtude da profanação ordenada por Antíoco IV Epifânio, ocorrida cerca de 167 a.C. Então, Matatias e os seus cinco filhos (João, Simão, Eliézer, Jónatas e Judas) lideraram uma rebelião contra Antíoco, que terminou com a vitória dos judeus em 165 a.C. Após terem conseguido a recuperação de Jerusalém e do Templo, Judas Macabeu ordenou que o Templo fosse limpo, que um novo altar fosse construído no lugar daquele que havia sido profanado e que novos objetos sagrados fossem feitos. Quando o fogo foi devidamente renovado sobre o altar e as lâmpadas dos candelabros foram acesas, a dedicação do altar foi celebrada por oito dias entre sacrifícios e outros piedosos festejos. Desde essa data a Judeia ficou independente até à chegada do domínio romano em 63 a.C.

A festa realiza-se a seguir à festa das cabanas no mês de Kislev (normalmente em dezembro).

Por sua vez, o Islamismo aparece como religião no século VI após o nascimento de Jesus e o seu livro sagrado, o Alcorão, atribui a Jesus a dignidade de profeta e mensageiro, embora só reconheça Alá como Deus e Maomé como “o profeta de Alá”. Também refere o anúncio do anjo Gabriel a Maria, a sua virgindade aquando a gravidez e o nascimento milagroso de Jesus, embora não reconheçam a sua divindade. Todavia, a data do nascimento de Jesus não é comemorada entre os crentes do Islão e o mesmo acontece entre os seguidores de Buda. Poderá, eventualmente, acontecer que na data do natal religioso oficial, à volta desta festa, se constata um ainda maior desenvolvimento de uma estranha amálgama de interesses diversos, fomentados pelo materialismo de base da sociedade em que vivemos, cujas raízes mergulham na corrida desenfreada ao consumismo.

Comemorar o nascimento de Jesus, reafirmando o essencial das narrativas dos evangelhos de Mateus e Lucas é uma pedrada certeira no charco do alheamento profundo, onde apodrecem lentamente intenções proclamadas como boas pelos povos e pelos governantes deste mundo. A começar na mais recente Cimeira do clima realizada no Azerbaijão, passando pela guerra na Ucrânia, não esquecendo o massacre terrorista ocorrido em Israel no passado 7 de outubro de 2023 e a terminar no sangrento confronto entre Israel e os grupos terroristas instalados nos territórios vizinhos que não aceitam a sua existência como país independente.

O mundo continua dividido em blocos militares, políticos e económicos, cada um deles organizado em torno de interesses próprios e prosseguindo na busca da hegemonia total. O tão apregoado humanismo, a igualdade de género, um maior nível de educação e um melhor contacto entre os homens, não conseguem dar respostas satisfatórias às necessidades de uma grande parte dos habitantes do planeta. Assistimos, impotentes, ao recrudescimento de ideias políticas e sociais discriminatórias, racistas e xenófobas que, num passado recente, causaram destruição, miséria e sofrimento sem fim.

Nos séculos XVIII e XIX, o desenvolvimento da ciência era apontado como a solução para todos os problemas existentes. Apregoavam os sábios que a religião, a crença e a fé em Deus estavam em fase de extinção, porque haveria resposta científica concreta e definitiva para todas as interrogações e seriam erradicadas todas as necessidades.  Esses “mitos” do passado que incluíam a historicidade de Jesus e a veracidade dos textos bíblicos eram vistos como fábulas sem fundamento.

Após a Segunda Guerra Mundial, em 29 de novembro de 1947, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou uma resolução para o estabelecimento de um Estado Judeu na Palestina e a 14 de maio de 1948, em Telavive, é proclamada a Independência do Estado de Israel. Apesar das tentativas para o destruir, Israel permanece, ainda, de pé!

Fez florescer o deserto, desenvolveu indústrias altamente desenvolvidas e fomentou a arqueologia das terras bíblicas para dar a conhecer o seu passado de quatro mil anos.

As descobertas arqueológicas como os Manuscritos do Mar Morto, entre os quais se encontraram cópias do Livro de Isaías datados do século I a.C., destruíram para sempre a credibilidade de muitos críticos, que durante os séculos transatos afirmavam que a Bíblia não descrevia realidades. Hoje, não se duvida que o Jesus dos evangelhos é o Jesus histórico. E esse Jesus, como lemos no Novo Testamento, veio trazer uma mensagem para toda a Humanidade, como está escrito:

 “… Maria, tua mulher … dará à luz um filho, a quem chamarás JESUS; pois será ele que salvará o seu povo dos seus pecados.”[i]

 “E disse-lhes o anjo: Não tenham medo, eis que vos anuncio uma grande alegria que será para todo o povo. Pois, na cidade de Davi foi dado à luz hoje um salvador que é Cristo, o Senhor. Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens de boa vontade.”[ii]

Jesus, o Messias anunciado, está connosco e é Natal. Que possamos abrir o nosso coração e que saibamos dar a nós próprios a oportunidade de gozarmos da sua Presença, Paz, Amor e Perdão!

NOTAS DE RODAPÉ

[i] Mateus 1.20,21

[ii] Lucas 2.10